Um Jovem Conflito
ENTREVISTA: HOLDEN CAULFIELD
Um Jovem Conflito
Uma conversa franca com um jovem mostrando seus dilemas pessoais na escola
Holden Caulfield é ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos. Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção. Isto não faz de The Catcher in the Rye exatamente uma leitura animadora, mas ainda assim existe algum resquício de inocência e ingenuidade infantil em Holden Caulfield, e também um humor (negro, é claro), que não deixam o livro afundar num poço de pessimismo e depressão.
Revista - Como você se sente em saber que o Colégio Pencey é o terceiro que você foi expulso?
Holden. Na verdade esses Colégios, nem é coisa boa, nem nada, acho que a forma imbecil como trata as pessoas dominadas por eles, não encaixa no meu jeito de ver e ser no mundo.
Revista - Como você pensa de planos para o futuro?
Holden - O futuro é incerto, acho que vou seguir meu caminho fazendo o que eu gosto, o que agrada a mim, então vai ser a forma mais natural para mim, que vai dar sentido a minha vida.
“Primeiro acho que a escola deveria ser mais compreensiva no sentido de conhecer seus alunos...”
Não é droga de escola nenhuma que vai me deixar sempre de deprimido. Essa fase ruim da minha vida vai passar e eu serei bem melhor.
Revista - O que você acredita que uma escola deva fazer para avaliar seus alunos?
Holden - Primeiro acho que a escola deveria ser mais compreensiva no sentido de conhecer seus alunos, pois não é nada legal ficar julgando as pessoas, depois não é nada bom ser obrigado a estudar o que não gosta. No duro, acho a escola deprimente.
Revista - Durante toda sua vida escolar, até hoje, que memórias marcantes você traz consigo?
Holden - Não é nada bom lembrar alguns fatos da minha vida na escola, mas na minha infância tive ótimos momentos na escola, para ser franco a escola me ensinou um bocado de coisas. O colégio só para meninos está entupido de cretinos. Eu não gosto de estudar, não to legal nessa de estudo.
Revista - O que você faria diferente, do que fez no Colégio Pencey?
Holden - Numa boa, eu não estudei e foi só. Fiquei de quatro, eles haviam me avisado, conversaram com meus pais, mas não deu. Não quis aquela droga dos estudos, sei lá acho que não quero voltar pra lá.
Revista - Que valores você construiu no Colégio Pencey?
Holden - Aquilo lá me deixa maluco pra chuchu, vejo uma porção de imbecis que passam a vida toda se matando pelo o estudo. No duro. Muitas pessoas conseguem se adaptar ao meio. Acho que comigo é diferente, já tenho meus valores construídos, o Colégio Pencey não é nem um paraíso nem nada, mas é tão bom quanto a maioria dos colégios. Alguns professores são um bocado conscienciosos. Dar pra construir muitos valores lá, mas não perco o maior valor que trago comigo sou fiel aos meus desejos.
“Muitas pessoas conseguem se adaptar ao meio. Acho que comigo é diferente, já tenho meus valores construídos”
Revista - Agora que saiu do Colégio e está terminando o tratamento com o psicanalista o que pretende fazer?
Holden - Vou voltar a estudar em outro Colégio, não posso saber o que é que vou fazer, se vou me interessar para estudar, só posso saber disso na hora que fizer o troço. eu não sei, realmente não sei e isso me deixa mal pra burro.
Revista - Percebendo sua visão em relação ao mundo, tudo parece ser complexo. Sendo assim a que você atribui um voto de confiança, ou seja, seu ponto de equilíbrio?
Holden – Algumas pessoas são simpáticas, porém todas cretinas. Mas, destaco meus irmãos Allie e Phoebe. Recordo-me muito bem do quanto ele era inteligente... um verda-deiro poeta. Phoebe sem duvida é a figura que posso sim considera meu ponto de equilíbrio ela me transmite confiança apesar da pouca idade. Se expressa de forma madura, falando muitas vezes o que não quero ouvir, mas preciso escutar. Ela é demais!■